Este dia zero é feito na realidade de dois. No primeiro, a viagem desde casa até Praga. É que depois do Turquemenistão passarei 5 semanas na capital da República Checa, no apartamento do costume. E assim como assim, chegarei a Ashgabat desde Istambul e para ir até à Turquia posso perfeitamente fazer um voo de Berlim. Que fica a poucas horas de autocarro de Praga. E assim deixo logo com um amigo a mochila grande, com coisas para as tais 5 semanas de estadia. Tudo faz sentido.
Portanto saí de casa de manhã cedo, apanhei um voo de Faro para Lisboa e a correspondência de lá para Praga. Como sempre, aquela sensação de ter chegado a casa. A viagem até ao bairro de Letna, onde vive o meu amigo, bem perto do aoartamento onde costumo ficar, é agora mais rápida. Em meia-hora fica o trajecto vencido.
Não tive tempo para nada. Uma breve conversa com o Oleksey, uma visita ao supermercado para comprar abastecimentos para a viagem no dia seguinte, contas feitas com o meu amigo que me arranjou as necessárias notas de dólares novinhas em folha. Ele foi dormir cedo, como sempre faz e fiquei nas minhas coisas, no sossego da noite.
Toca o despertador. Ele e o filho já saíram. Está a chover. Pego na mochila e ando até à paragem de eléctricos. Chegar à estação de autocarros é um pouco complicado, toda a zona está em obras, é preciso dar voltas e encontrar as passagens discretas.
Continua a chover. Não faço ideia onde está o meu autocarro para Berlim. Torna-se claro que não sairá dali, virá de algum outro lugar. De Budapeste, como descobrirei mais tarde. O problema é que não há indicação das partidas, ou pelo menos do número das paragens. Confuso. À mesma hora há uma saída para a Alemanha, mas na lista de paragens não está Berlim.
Começo a ficar nervoso. Telefono ao Oleksey para sermos dois a pensar e a pesquisar. Falo com o condutor de outro autocarro, um tipo simpático mas que não pode fazer nada para ajudar, nem ele tem a informação de que preciso.
A mim parecia-me que poderia ser numa determinada paragem. Tinha visto o número num painel de partidas. Mas não estava lá ninguém e junto a ela não existia qualquer informação. O Oleksey diz-me que o melhor é ir para lá e vou. Agora estão lá duas pessoas que me confirmam: é ali. Alívio. Estava a ficar quase em pânico. Cheguei lá precisamente à hora prevista de partida, mas o autocarro vem atrasado. E continua a chover.
Dali para a frente tudo foi sereno. Uma viagem tranquila sob chuva até ao aeroporto de Berlim. Molho-me um bocado porque há umas centenas de metro entre o parque de autocarros e o terminal. Mas tenho tempo.
Encontro o meu amigo Gustavo que participará comigo nesta aventura. Fazemos o check-in, recebemos os cartões de embarque e vamos andando até aos portões de embarque.
Se o dia estava a ser cansativo bem sabia que o pior estava para vir: umas quantas horas noa aeroporto de Istambul antes de um voo nocturno para Ashgabat.
O novo aeroporto da capital da Turquia será o mais caro que já visitei. Tudo ali custa uma pequena fortuna. E as dimensões dos terminais são megalómanas. Não gostei e soube-me bem chegar ao portão de embarque, entrar no avião à hora prevista, acomodar-me no lugar.
Pela frente quase quatro horas de voo. Alguma leitura, espreitar um filme, dormitar. E a chegada.
Finalmente no Turquemenistão, um velho projecto, velho de anos. Adiado umas quantas vezes, ao sabor da conjuntura política, da política de emissão de vistos, de disponibilidade financeira e da oferta de viagens nos provedores habituais destes serviços. Desta vez foi, com a Young Pioneer Tours, empresa com a qual já tinha visitado a Coreia do Norte há uns anos.