25 de Setembro de 2024

A chegada ao Turquemenistão foi dolorosa. Uma noite sem dormir e uma parede de burocracia pela frente. O primeiro obstáculo deste percurso de Hércules consistia no teste COVID. Pago a peso de ouro e obrigatório para todos. Se não estivesse perante um Estado tão rico diria que era apenas uma forma de extrair dinheiro dos viajantes, mas tratando-se do Turquemenistão será apenas um tique de tecnocratas imaginativos. Uma longa fila, aliás, mais uma pinha de gente, porque nesta sociedade o conceito de organização para esperar pela vez ainda passa muito ao lado.

O teste é rápido. Número do passaporte anotado pela técnica antipática, quão antipático uma pessoa consegue ser, e estou perante o desafio seguinte, a obtenção do visto.

Estão uns oito visitantes estrangeiros à minha frente. Mas com apenas um oficial de serviço o tempo de espera alonga-se. Uns longos minutos por pessoa. Por fim chegam reforços. Mais um oficial. O ritmo aumenta.

É que depois do primeiro passo, que consiste em apresentar a carta-convite e o passaporte, há que ir pagar, ao lado, e depois voltar para a fila para receber o passaporte já com o visto colocado.

E assim foi. Carta e passaporte entregues, fila do lado, pagar não só o visto e custos administrativos mas também o teste COVID. Uns 130 Euros no total, pagos em notas de Dólares que têm de ser imaculadas ou serão recusadas. Depois voltar para recolher o passaporte já despachado.

Agora há que passar pelo controle de passaporte, que por esta altura já não tem fila de espera. A seguir, controle alfandegário, onde ninguém se interessa pela mochila. E mais uma verificação de passaporte. Finalmente a sair para o terminal. Onde como esperado alguém mostra o cartaz Young Pioneer Tours.

Somos quase os últimos. Só falta mais um elemento do nosso grupo. O guia manda-nos seguir com um condutor numa carrinha maior e fica à espera do Robin, o holandês, que fecha o grupo.

O quarto dos dias de Ashgabat

Com o sono a pesar rodamos os primeiros quilómetros neste novo país. Tudo normal. A cidade começa a acordar para o dia. Vias amplas, modernas, nada de mais. Rapidamente chegamos ao hotel Ak Altyn. É onde ficam todos os estrangeiros que vêm visitar o país nestas tours, os estrangeiros, digamos, baratos, que não estão em trabalho corporativo ou institucional. Para esses há outras coisas melhores.

São umas dez horas da manhã e só teremos quartos pelas 14:00. Em teoria. Vou observando o grupo, que na realidade se divide de forma que para mim ainda é desconhecida: há os que vêm para a viagem mais curta – a que os outros passarão a chamar “a viagem dos pobres” – e os que ficam para a tour alongada. Há ali gente um bocado parvinha mas felizmente ficarão do outro lado e o contacto será mínimo.

Agora há que esperar. Nós e um pequeno grupo saímos para uma pequena exploração da área. Mesmo em frente ao hotel encontra-se o edifício do circo. Sim, em Ashgabat, como de resto nas principais cidades da ex-União Soviética, existe uma estrutura dedicada exclusivamente às artes circenses. Na realidade, por capricho presidencial, o circo esteve proibido durante algum tempo no Turquemenistão, mas actualmente a interdição está levantada.

Um dos ingleses disse que havia um estádio ali próximo e que gostava muito de visitar estádios e então lá fomos. Encontrámos os portões abertos e o acesso às bancadas franqueado. No campo um pequeno grupo de jovens dava uns toques numa bola. Uma pessoa treinava na pista de atletismo. Demos a volta completa ao estádio seguindo o topo das bancadas, apreciando a vista sobre a cidade.

De regresso ao hotel parámos numa padaria. Alguém comprou qualquer coisa. O Robin bebeu o seu café.

Logo depois de chegarmos disponibilizaram-nos os quartos. O jantar estava marcado para as 18:00, ponto de encontro lá em baixo, no lobby. Foi tempo de dormir um pouco, descansar. Acabei por dispensar o jantar, preferi ficar sozinho e continuar a relaxar. Pelo que me disseram não perdi nada, foi fraquito em todos os aspectos. Fiquei-me por um par de cervejas no bar deserto do hotel, que me souberam muito bem.

 

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui