26 de Setembro de 2024

E começa. Agora sim, hoje sim. Antes foram preliminares, a verdadeira tour inicia-se nesta manhã. Todo o povo a embarcar no autocarro às 10:00. O grupo é feito de dezassete pessoas, mais a guia da Young Pioneer Tours e o guia local.

Um pai e filho da Polónia, uma miúda irritante colombiana dos EUA, a única pessoa francamente dispensável, um russo meio louco, um americano hiper-obeso e um outro americano, jovem, muito particular, diferente. Depois, um inglês, três portugueses, um trio austríaco, um casal e uma amiga, um polaco a solo, e o Robin, o gentil holandês.

Dispenso o pequeno-almoço no hotel, desço directo para o autocarro. E em marcha pelas avenidas amplas de Ashgabat, rotundas fascinantes, com esculturas e criações artísticas no centro. Rolamos uns poucos quilómetros assim, pelo meio da cidade branca, num dia – como todos os outros desta viagem – com muito sol e céu azul.

O primeiro ponto de interesse a ser visitado é Monumento da Independência, construído em 2001 pela empresa turca Polimeks. O seu conceito é inspirado nas tendas tradicionais dos nómadas e nas toucas usadas pelas mulheres do país.

Existe uma guarda de honra no local. Como sempre por aqui está fora de questão fotografar elementos uniformizados. Sejam eles militares, polícias ou funcionários dos comboios. Segundo me dizem, verdade ou não, esta obsessão com a proibição de fotografia de militares e polícias prende-se com um caso ocorrido há alguns anos em que um turista se fez fotografar envergando parte de um uniforme militar.

No parque que o envolve existe uma coleção de estátuas de figuras históricas relevantes e, como em todo o lado, muitas fontes. E também como em todo o lado um exército de trabalhadores cuida do espaço.

Dali caminhamos até à estátua dourada do primeiro presidente, aquele que trouxe consigo um culto de personalidade que tende a ser confundido com a liderança do país. Não é verdade. Esses excessos foram-lhes próprios mas não se estenderam aos sucessores.

Para lá chegar descemos por uma escadaria monumental, enquadrada por jardins impecáveis e mais fontes. Temos alguns minutos para ver a estátua e depois embarcamos de novo no autocarro.

A paragem seguinte dá-se no Monumento da Neutralidade. Trata-se de uma estrutura construída, também ele,  pela Polimeks, que de resto parece ser omnipresente nos projectos da capital do Turquemenistão. O monumento surgiu inicialmente em 1998, na era do primeiro presidente do país, Niyazov, mas o novo presidente, Gurbanguly Berdimuhamedow, ordenou o seu desmantelamento e recolocação no ponto mais afastado do centro, onde hoje o visitamos. Para mais informações sobre este monumento, poderá ver o respectivo artigo na Wikipedia.

O monumento é uma referência à assumida neutralidade do Turquemenistão nas questões internacionais. Na realidade o país alega ser o primeiro caso de uma neutralidade oficial, assumida, e reconhecida pelas Nações Unidas.


Caminhamos em redor do monumento, observando os diversos ângulos e perspectivas. Podem chamar-lhe megalómano mas como todos os grandes monumentos da cidade é mesmo assim bastante interessante.

Este, como de resto o dia seguinte, foi algo fraco em termos de planeamento e liderança da viagem. A inexperiência da guia (com potencial e muito boa vontade) e as alterações causadas pelas comemorações do dia da Independência terão sido os principais factores. Foram dias que não se aproveitaram por inteiro. Agradáveis, interessantes mas com muito tempo desperdiçado.

E assim passámos uma hora a visitar o Bazar Russo, um mercado no centro da cidade que não tem matéria para tanto tempo por lá. O almoço foi individual. Cada um que se desenrascasse por ali, o que para uma viagem deste tipo e logo no primeiro dia é um bocado violento para os viajantes menos experientes.

Para mim foi um tempo de esperar. O bazar não tem grande piada e não me apeteceu comer nada por ali. Dei umas voltas, comprei uma bebida, sentei-me num muro a observar pessoas. Comprei uma bandeirinha do Turquemenistão.

Depois do “almoço” fomos até à roda gigante, que detém o Guiness Record de maior roda coberta no mundo. O pessoal aqui adora estas records e existem alguns outros no país. Ironicamente o website do Guiness World of Records é um dos que se encontram bloqueados no Turquemenistão.

A roda foi interessante, vagamente divertido. É efémero mas engraçado. A voltinha termina depressa, o grupo encaminha-se para o exterior. Mais algum tempo dispensado pelos guias para fotografias da área.

Paragem seguinte é no Parque Lenine onde existe uma estátua do famoso líder comunista e também, já agora, do escritor poeta russo Pushkine que cumpriu uma pena de exílio no actual Turquemenistão. Do outro lado da avenida uma escultura de relevo chama a atenção. O edifício é parte do Arquivo Nacional e é decorado por esta impressionante arte em pedra, claramente influenciada pelos valores estéticos do Brutalismo Soviético.

Brutalismo

A última paragem antes do regresso ao hotel é junto à Aldeia Olímpica. Na realidade nunca se realizaram Jogos Olímpicos. Nem nesta cidade nem neste país. Mas um pouco de espectacularidade nunca é recusada por estas paragens. E assim como assim, a verdade é que já aqui aconteceram uns Jogos Asiáticos.

De fora vimos a entrada principal do estádio olímpico, a enorme mascote desses Jogos Asiáticos ainda ali está. E de facto está uma coisa bem feita, monumental mas com bom gosto. Aliás, um bom gosto quase sempre presente em toda a cidade, uma surpresa para mim, que esperava um excesso de dourados e pirosices.

Seguiu-se um período de descanso no hotel, breve. O tempo necessário para um duche, um pouco de repouso. Depois, o jantar. Mais uma pequena viagem de autocarro e toda a gente para um restaurante chinês. Chinês!? Isso mesmo. Por esta altura o sentimento geral no grupo era de descontentamento. O dia não correu bem. Sim, certo, vimos algumas coisas interessantes, foi mágico passar por estes lugares. Mas com um autocarro à disposição fizeram-se poucas coisas, o tempo passou e foi desperdiçado e agora… um restaurante chinês no Turquemenistão.

Felizmente, e digo já isto, tirando o dia seguinte – ainda pior – as coisas entraram nos eixos e no final da viagem o gosto que ficou foi bastante bom. Mas para já a organização não estava a ser brilhante.

Do restaurante chinês o melhor bocado foi a vista do terraço, que fica aqui testemunhada:

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