30 de Setembro de 2024
A caminho de Turkmenbashi. Estamos precisamente a meia distância entre a capital e esta importante cidade. 355 km. Três centenas e meia de quilómetros para o mais importante porto do país, porta de entrada de bens e ténue ligação com a Turquia, do outro lado do mar Cáspio. Mesmo assim tendo o Azerbeijão e a Arménia de permeio.
Um mapa complicado. A ligação com a Turquia é evidente. Cultural, tecnológica, económica. E contudo a geografia opõe-se. Por terra será necessário atravessar o Irão e por mar é o que se vê.
Já para a Rússia o porto de Turkmenbashi, aliás, Krasnovodsk, como é conhecido em russo, foi de importância capital, quer na fase de expansão imperial, na segunda metade do século XIX, quer na fase Soviética. Isto porque atravessar o mar Cáspio é a rota mais curta entre a Rússia e toda esta parte da Ásia Central.
A M37 é a estrada mais importante do Turquemenistão o que significa um plano de manutenção adequado e uma viagem a boa velocidade. Um trajecto sem grande história nem paisagem para recordar. Presença humana algo intensa, indústria, pequenas aldeias, pequenas cidades e o deserto a dar cor ao cenário.
Chegamos a Turkmenbashi e a primeira coisa que se vê é logo o porto. Não tão grande como esperaria, mas lá está ele e na realidade é ali que vamos ficar, num belo hotel à entrada, literalmente, do porto comercial. Mas isso ficará para mais tarde, porque ainda é cedo.
Uma pequena visita à cidade com paragem num par de pontos mais importantes. Monumento da Segunda Guerra Mundial, mesmo em frente da centenária estação ferroviária, um outro memorial, e depois o almoço. Mais um interminável almoço num restaurante moderno, voltamos às refeições descaracterizadas. Nem me apeteceu comer, instalei-me numa mesa à parte do grupo, numa outra sala, mais sossegada, e usufruí da Internet mais rápida que encontrei no Turquemenistão.
Depois, a ida para o hotel. O melhor alojamento desta viagem. Um período para descanso. E a ida para o centro, para o bazar. O grupo tem algum tempo para explorar de forma independente. A mim não me apeteceu. Fiquei só por ali, pelo exterior, a observar.
Turkmenbashi tem a atmosfera de uma pequena cidade soviética. Em Ashgabat a construção socialista ou desapareceu ou foi bem disfarçada com renovações e pinturas de fachadas. Nos lugares e aldeias, nunca chegou a aparecer. Mas aqui quase todos os edifícios datam da era soviética.
Há meninos e meninas com uniformes escolares, muita cor. Homens e mulheres saem do mercado ataviados com as mais diversas cargas. De novo, muita cor, até porque os trajes tradicionais são comuns na vida quotidiana.
Descobrimos uma gelataria onde como um belo balde de gelado, para compensar a ausência do almoço.
Nestas voltas usamos de novo um pequeno autocarro. Os nossos condutores e carros todo o terreno ganharam um dia de folga. E isto porque para entrar no nosso próximo destino é necessário uma viatura autorizada.
Trata-se de Awaza, um projecto ambicioso, talvez megalómano. Construir uma cidade balnear de grandes proporções nas margens do mar Cáspio num país com o perfil do Turquemenistão não é coisa simples. Mas foi o que aconteceu.
Há artigos pela Internet fora que falam de uma cidade turística fantasma, deserta. Não será bem assim. O nosso guia – que não poupou palavras noutros contextos – garante que no Verão tudo aquilo se enche de gente. E mesmo quanto visitámos viam-se algumas pessoas. Turistas locais, e trabalhadores. Não será o deserto que nos levam a crer.
Já íamos atrasados. Gastasse-se menos tempo com almoços. Sente-se um tom de pressa nos guias. Uma paragem num ponto para dar uma vista de olhgos e fotografar um pouco da envolvência, incluindo o canal artificial de 7 km atravessado pela ponte sobra a qual estacionamos.
Mas há que chegar à praia e local de jantar antes do pôr-de-sol. Por isso sacrificou-se no tempo para explorar Awaza.
Mesmo assim houve tempo para uma paragem surpresa que foi um sucesso: um parque de diversões vazio, impecavelmente mantido, muitíssimo fotogénico. Sempre a correr. 10 minutos, foi o tempo que nos foi dado, e depois estendido ligeiramente, porque ninguém quis sair dali tão rapidamente. E a guia ainda arranjou maneira de alguém activar uma das máquinas infernais e logo a turma saltou para lá e foram levados aos céus. Momento memorável.
Os mega-hotéis que rodeiam as longas estradas de Awaza são excepcionais, bem talhados, arquitectura inovadora. Aquele onde nos dirigimos é inspirado nas formas de um navio. Os guias mostram-nos o local, a praia. Temos tempo livre e uma hora marcada para o reencontro para jantar. Há gente do grupo que vai a banhos. Eu volto à rua para fotografar um pouco.
Regresso apressadamente para apanhar o pôr-do-sol. Sento-me com alguns elementos e peço uma cerveja. Custa uma fortuna. 6 Euros. Contextualize-se o país onde estamos. E depois é o jantar. Fraco e caro. Uma confusão depois, para pagar, como se todos nós quiséssemos fugir sem deixar o devido pagamento. Ficou um sabor amargo, acho que em todos.
Ainda houve um serão no hotel, umas cervejas a preço mais normal com alguns resistentes, conversa calma no lobby deserto do hotel. Parece que depois de me ter retirado um par de profissionais do sexo tentou a sua sorte com quem ficou para mais tarde.