Jeddah é tão quente que uma pessoa não pensa muito em sair à rua durante o dia. E há outra coisa: na Arábia Saudita a hora normal de checkout dos hotéis é entre as 15:00 e as 16:00 o que dá muito jeito, até porque para entrar se aplicam os horários mais comuns.
Assim tinha decidido ficar no bem bom do meu apartamento, com Internet, ar condicionado e muito conforto.
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Logo para começar o dia da melhor forma, o pequeno-almoço. Fui à recepção, disse que estava pronto para comer e voltei. Passados uns dez minutos batem-me à porta com um tabuleiro pleno de coisas boas. Regalei-me! Foi em grande. A habitual pasta de fava, muito pão árabe, queijo tipo Feta, azeitonas, compotas, manteiga, ovos cozidos e um chá delicioso. Enchi-me tanto que só à noite tive vontade de comer outra vez.
Passaram-se as horas nesta doce não fazer nada e às quatro da tarde lá me pus na rua, mochila ao ombro. Esperei uns minutos pelo Uber. Ainda estava muito calor. O meu objectivo imediato era encontrar a minha primeira geocache na Arábia Saudita e para isso rumaria até uma rua banal não muito longe da costa, um pouco a norte.
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A missão foi cumprida com sucesso. Não se via vivalma, tudo abrigadinho das altas temperaturas. Mas o bravo Cruzamundos de carga completa às costas não tem medo desses detalhes. E lá fui, a pé, espreitar uma mesquita à beira-mar construída, que parecia interessante.
Com a brisa do mar e o avançar do tempo o dia começa a tornar-se mais agradável. Ali a uns 200 metros vejo um pequeno edifício que vou espreitar. É um Dunkin Donuts e um Baskin Robbins. A vista é linda, o mar é o mar.
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As pessoas começam a acorrer à Corniche, um ritual que se repete diariamente. Ainda é cedo e apenas alguns casais e famílias estão por ali. Já se vêem as cadeiras e mesas a sairem das bagageiras dos carros.
Uma jovem mulher parece receber inspiração da brisa marítima, escrevendo num caderno, auscultadores nos ouvidos. Um casal mais idoso está sentado de frente para o horizonte. Há uma família inteira sentada junto à amurada.
Na mesquita encontra-se um grande grupo de mulheres, trajando roupas muito coloridas, como se viajassem de longe, quem sabe de outro país.
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Hoje dormirei em casa de um Couchsurfer mas apenas mais tarde ele estará disponível para mim. Tenho tempo. Chamo outro Uber. Quero ver a Mesquita Flutuante, um dos locais emblemáticos de Jeddah, uns quantos quilómetros mais para norte.
Ao chegar… parece que a área está vedada ao trânsito. O pobre condutor faz o que pode para me deixar o mais próximo possível da mesquita, pede imensa desculpa. Tudo bem, posso tentar lá chegar a pé. Reparo que estou mesmo num pedaço de alcatrão onde passa o circuito urbano do Grande Prémio Fórmula 1 da Arábia Saudita, que tem lugar em Jeddah.
Entro por uma marina, viro à esquerda e aproximo-me do meu destino sem problemas. Lá está ela, a mesquita. E pessoas. Não sei como chegam ali, porque pelo caminho não vi assim muitas.
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O sol está a descer, o ambiente está bom. Fico por ali, encantado, a descansar e a sentir o ambiente. Gentes vão e vêm. Outras simplesmente estão. Um pouco ao meu lado uma jovem mulher, bonita e alta, está sentada, imóvel, como que a reflectir, e ali ficará durante um longo tempo, bem para além do pôr-do-sol. Quando se afasta já é de noite.
As cores do céu intensificam-se. O azul dá lugar a uma infinidade de laranjas, uma palete de tons quentes que só serão substituídas pelo negro da noite.
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Aproximo-me da mesquita, exploro a plataforma que se encontra por detrás dela, aproveito para visitar a casa de banho (numa mesquita existem sempre balneários gratuitos, fica a dica).
O sol desaparece no horizonte. As pessoas continuam a chegar e partir. Casais, grupos de amigos, alguns turistas. Bem, está na hora de iniciar o caminho para fora dali, preciso de chegar a algum lugar onde consiga apanhar um Uber. Será uma odisseia. Ficou ali uma memória muito doce de viagem.
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Regresso à marina por onde entrei. No lugar onde o Uber me tinha deixado encontro um engarrafamento fenomenal. Nem pensar em tentar chamar para ali um carro. Continuo a andar, é noite, há trânsito por todo o lado. Eventualmente, já muito cansado, encontro um restaurante junto a uma estrada. É um bom local para parar e tentar. Depois de uma longa espera estou a caminho da casa onde ficarei os próximos dias.
O meu anfitrião também está atrasado. Finalmente encontramo-nos, à porta do edíficio de apartamentos onde vive. É um jovem engenheiro paquistanês que trabalha para o Porto de Jeddah e partilha o apartamento com dois outros paquistaneses. Conheço o Ali, um homem mais velho, muito simpático. Bebo um chá delicioso, conversamos um pouco.
Tenho sorte porque um dos companheiros de apartamento está fora e assim fico com o seu quarto para mim nesta primeira noite.