Dia 13 de Março de 2020, Sexta-feira

Hesitei um bocado sobre a ida a San Antonio de Areco. Só porque tendo a ser inerte e estava a gostar tanto de Buenos Aires. Mas acabei por pensar que se não fosse agora não seria nunca e poderia estar a perder algo fabuloso. Em má hora, porque as coisas foram exatamente ao contrário.

Lá fui até à estação rodoviária de Retiro. Coisa fácil, especialmente agora que estou já habituado ao sistema de transportes públicos da cidade. Comprar bilhete para San Antonio de Areco foi igualmente simples. Há muitas partidas, nem vale a pena consultar horários antes de sair de casa.

A caminho, para um pouco mais de uma hora de viagem feita essencialmente por auto-estrada. Chego, saio. E agora? Onde ir? Saco do telemóvel e tento perceber onde é o centro. Pergunto as horas dos autocarros de regresso e vou andando.

Não há nada de especial a notar. Ruas com vivendas. Caminho cerca de 1 km e chego ao centro. Hum. Isto não está a correr bem. O que vejo? Casas antigas relativamente mas que não encantam. Posso descrever o cenário como uma mistura entre uma aldeia alentejana e uma aldeia italiana, e não para isso que venho à América do Sul.

Para piorar as coisas, o calor aperta e vejo que a povoação é muito estendida. Para ir a qualquer lado é necessário andar bastante. E depois, não há propriamente um lado onde ir. San Antonio de Areco é aquilo e pronto. Foi dececionante. E eu que até tinha pensado em pernoitar ali, depois das descrições cheias de adjetivos positivos que tinha encontrado online.

Agora é caso para dar meia volta e pensar no regresso a Buenos Aires. Vou apanhar um autocarro que de facto não contava em apanhar quando ainda há pouco o senhor me deu as horas das partidas.

Pelas 14:15, três horas depois de ter chegado a San Antonio de Areco, estava de volta o Retiro. Agora não sabia o que fazer. Tinha já visto tudo o que queria (e me deixaram) ver em Buenos Aires. Então fui recapitular.


Aproximei-me da Torre dos Ingleses para uma observação mais cuidada. Via pessoas no topo da torre, como se fossem visitantes, mas depois de duas voltas à base da estrutura não encontrei uma entrada aberta.

Passei pela Rua Florida e parei para comer no pequeno centro comercial onde tinha ido comprar os livros sobre a Guerra das Malvinas há alguns dias. Tinha marcado lá um restaurante simples, característico daqueles que servem funcionários em hora de almoço. Já não estava muita gente, a hora do almoço chegava ao fim. Mas um eficiente empregado serviu-me e encomendei uma costeleta. Coisa mais deliciosa!! Servida com um maravilhoso arroz branco e muito bem cozinhada numa espécie de cebolada, foi depois coberta com um pudim flan e saí dali saciado.

Tentei trocar mais dinheiro mas não gostei da cotação e desisti. Fui caminhando. Cheguei à Plaza de Mayo e a luz estava melhor do que nas outras ocasiões em que por ali passei de forma que aproveitei para tirar mais umas fotos. Até porque o Palácio Rosado estava hoje sem as proteções que barravam a vista do exterior.

Dali segui para Puerto Madero e sentei-me a beber uma cerveja numa esplanada, só para matar tempo. Mesmo em frente à fragata Presidente Sarmiento. Depois, atravessei a Ponte da Mulher, uma via pedestre sobre a água.

Como estava cansado e tinha o cartão no bolso apanhei um autocarro para San Telmo. Fui para casa. Comecei a matutar se com isto do vírus não seria de pensar em tentar voltar para Portugal mais cedo. Mas eu queria tanto ir ao Uruguai! Sim ou não? Indecisão!

Chego ao quarto e vejo que a Azul me enviou um e-mail. Dizia que por causa da pandemia os passageiros com bilhetes para voos entre o Brasil e Portugal podiam mudar as datas sem custos ou pedir o retorno do pagamento e cancelar. Seria um sinal do destino?

 

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