20 de Janeiro de 2023

A chegada a Diu acontece com a primeira luz da manhã. O autocarro pára à chegada à ilha, mesmo antes da pequena cidade e deixa sair os estremunhados passageiros, naturalmente abatidos pela noite mal passada a bordo.

A curiosidade é muita. E gosto do que vejo. Logo à entrada, junto a um dos antigos portões de Diu, dois tuk-tuks parqueados, um deles pintado com uma enorme bandeira portuguesa.

Vamos entrando, passando por uma das ruas principais, em busca do alojamento reservado. Encontro-o, faz-se o checkin, o que é simpático, considerando que é cedíssimo. Mas as coisas correm mal. Então o que se passa é que não há papel higiénico e dizem-me que não é fornecido, o que acho surreal. Diferenças culturais à parte, nunca estive alojado num sítio onde não me dessem papel higiénico. Em qualquer canto do mundo, até onde paguei 2 Euros por um cantinho para dormir. E nisto a situação escala, faço queixa ao AirBnB e vamos à procura de outro sítio para ficar. Mais tarde acabarei por receber o reembolso da estadia.

Dando uma volta pelas ruas encontramos um sítio que tinha referenciado na pesquisa na Internet. Uma casa particular que receberia hóspedes. Olho, escuto… nada. Portão fechado. A porta contudo está entreaberta. Entro no terreno, bato à porta, ouço algo, há vida. Mas ainda ninguém se assoma.

O quartinho em Diu

Volto a bater. Quero mesmo falar com alguém. Por fim aparece um homem jovem. Explico ao que venho e pergunta-me logo de que país sou. A minha nacionalidade não o parece impressionar. Mas não é possível. Tem um nome meio português e como venho a descobrir mais tarde, muita ligação ao Portugal de antigamente.

Como que contrariado, mostra-nos um quarto. Um quarto apenas. Os outros estão fechados, apesar de não ter mais hóspedes. O preço é bom, as instalações são rudimentares, mas isso não é impedimento. Digo que sim, fico com o quarto. Estou um pouco entusiasmado. Parece-me uma experiência mais interessante a uma fracção do preço. Isto promete!

Vamos buscar as mochilas ao outro quarto, devolvo a chave e adeus. Para esquecer aquele local. E pronto, logo estamos de volta ao novo alojamento, pago ao rapaz, descansamos um pouco no quarto antes de sair à descoberta.

Diu tem muito mais para ver do que parece à primeira vista. Não é só o enorme forte – só por si coisa para pelo menos meio dia – e as igrejas portuguesas. Tão pouco se esgota na arquitectura colonial, de que restam ainda alguns exemplares. Não, há muito mais… o passeio junto à água, chamemos-lhe “a marginal”, o navio-museu, os restaurantes, o bulício dos pescadores, a costa oceânica, as muralhas e os bairros antigos de sabor mais hindu. E isto só na localidade. Depois há a ilha no seu todo, com as suas praias e atracções naturais.

Para este primeiro dia não houve tempo para tudo, claro. Passeámos sem pressas, fomos junto à costa. Diu tem esta diferença: não há gente por todo o lado, bem pelo contrário. É fácil estar-se só, afastado de ruídos humanos, de outras presenças.

Andámos até o sol começar a descer e então iniciámos o caminho de regresso. Ainda fomos espreitar a entrada da fortaleza, vimos ao longe o Fortim do Mar, uma extensão das antigas fortificações numa ilha, a proteger a barra. Caminhámos depois pela Marginal e encontrámos aí um simpático casal com que conversámos longamente. Ele, indiano, ela, alemã. Ambos médicos, a viajar, residentes na Alemanha. Foi muito interessante. O tipo tinha perspectivas refrescantes sobre uma série de temas relacionados com a Índia. E um enorme conhecimento sobre as coisas do país e do mundo em geral. De tempos a tempos éramos interrompidos por alguém que pedia para tirar fotos com ela, a alemã, a loura, o bicho raro e exótico.

Tanto nos alongámos na conversa que quando nos despedimos já não havia tempo para mais. Fomos jantar.

Durante o dia já tínhamos visto que havia um restaurante na rua do nosso alojamento, mais abaixo. Mas na aproximação por baixo um cão opôs-se à nossa visita e não insistimos. Desta vez viemos por cima e do bicho nem sinal. Então lá fomos. A primeira de várias visitas ao Coqueiro, um agradável espaço exterior, protegido por um jardim e algumas vedações que criaram um ambiente acolhedor. Raramente vimos lá mais do que uma mesa ocupada, por vezes éramos apenas nós. Passou a ser um pouso para refeições, incluindo os pequenos-almoços.

O Coqueiro

 

 

 

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