Diu: um legado português na costa ocidental da Índia

Situada numa pequena ilha ao largo da costa de Gujarat, no noroeste da Índia, Diu é um território marcado por uma profunda herança portuguesa que perdura até aos nossos dias. A sua importância geoestratégica foi reconhecida muito cedo pelos navegadores lusos, que, no auge da expansão marítima, procuravam controlar as rotas comerciais do Oceano Índico.

A presença portuguesa em Diu consolidou-se em 1535, quando, no contexto de alianças locais, os portugueses receberam autorização do sultão de Gujarat para construir uma fortaleza na ilha. Essa estrutura, o Forte de Diu, tornou-se um dos baluartes mais impressionantes do império português no Oriente. Resistente ao tempo e às investidas inimigas, o forte ainda hoje domina a paisagem, com as suas muralhas robustas voltadas para o mar e canhões virados para o horizonte.

Casa portuguesa no bairro cristão de Diu
Casa portuguesa no bairro cristão de Diu

Durante mais de quatro séculos, Diu permaneceu sob domínio português, resistindo a cercos muçulmanos e a investidas do império mogol. Tornou-se um centro comercial ativo, onde se cruzavam culturas, línguas e religiões. As igrejas católicas, como a Igreja de São Paulo, são testemunhos vivos da presença missionária e da fusão artística entre o barroco europeu e as influências indianas.

A soberania portuguesa manteve-se até 1961, quando, após uma intervenção militar, Diu foi integrada na República da Índia, juntamente com Damão e Goa. No entanto, a identidade luso-indiana permanece visível na arquitetura, na gastronomia e em certas tradições locais. Diu é hoje um símbolo da diáspora portuguesa na Ásia: uma cidade tranquila, de ruas estreitas e fachadas coloniais, onde o passado continua a ecoar, preservado entre o sal do mar e as pedras da história.

Porquê Visitar Diu?

Diu é uma paragem recomendada a quem se interessar pela presença portuguesa no mundo e a quem já explorou os principais pontos de interesse da Índia.

Do ponto de vista do viajante é uma pequena cidade, facilmente explorada a pé, com atributos suficientes para entreter durante três ou quatro dias, até mais, caso seja escolhida para uma pausa e para relaxar a meio de uma jornada longa.

Um aspecto de um bairro hindu de Diu
Um aspecto de um bairro hindu de Diu

Nas suas ruas a arquitectura de origem portuguesa mistura-se com construção mais recente e, em algumas zonas, a influência hindu é mais forte, observado-se velhos templos, casas coloridas, um ritmo de vida pausado, tudo muito pitoresco.

Ocasionalmente encontra-se alguém que fala ainda um português com um perfume de outros tempos, especialmente aos Domingos, nos locais de culto católicos.

O imenso forte, esse, é um ponto essencial. Impressiona pelas dimensões, pela sucessão de pátios, baluartes, velhas igrejas ao abandono e o mar, esse, que o abraça, a perder de vista.

Como Chegar e Partir

Para quem não tem viatura própria, só há duas formas de ligação ao mundo exterior.

De Avião

Diariamente existe uma ligação aérea de Calcutá. Os preços variam bastante. Abaixo dos 70 Euros dificilmente encontrará, e se comprar em cima da hora na época alta, em Dezembro e Janeiro, poderá ter que pagar uns 140 Euros.

O aeroporto fica algo afastado da cidade, no extremo oposto do pequeno território, a uns 8 km do centro da localidade. Há que negociar um tuk-tuk ou um táxi, eventualmente com a ajuda de um anfitrião. Não é grande despesa. Considerando que só há um voo diário compreender-se-á que o aeroporto só abra pouco antes da hora prevista para o check-in.

De Autocarro

Viagem nocturna, todos os dias, de Ahmedabad. O preço é baixo, assim como o é a qualidade do serviço. Por 8 Euros por pessoa tem-se a passagem com “caminha”. Existem três operadores com partidas a horas similares, ao serão. Encontrá-los e comprar o bilhete não é uma tarefa das mais fáceis. Fica aqui um link para o Street View de um deles. Fica no topo das escadas, caminhando até ao fim da passagem, último escritório do lado direito. Pode passar por lá de manhã e depois apresentar-se no local um pouco antes da hora marcada, que provavelmente ficará atrasada.

A viagem é desconfortável e as probabilidades de um sono contínuo são reduzidas. As “caminhas” distribuem-se por compartimentos para duas pessoas em duas camadas. A de baixo ocupa basicamente a zona habitualmente usada para as bagagens em autocarros regulares. Há uma manta e uma almofada, e o compartimento é revestido com alcatifa. Parece agradável à chegada, mas o desconforto chega mais tarde devido a dois elementos: nas curvas deslizamos para um lado e para o outro, mas o pior é a buzina, usada constantemente. A meio da noite há uma paragem para a casa de banho ou para comprar mantimentos.

A chegada a Diu dá-se com o nascer do sol e pode-se caminhar facilmente até qualquer ponto onde se fique alojado. São apenas 380 km mas a viagem dura a noite toda.

Em Diu

O Forte de Diu

O forte de Diu tem a idade da presença portuguesa nesta cantinho da Índia. Começou a ser erigido em 1535, após o sultão de Gujarat ter cedido o território aos portugueses em troca de auxílio na luta contra o império Mogol.

Ao longo da sua vida viu muita acção militar. Foi atacada e sitiada por árabes, otomanos e indianos. No final do século XVII sofreu diversos ataques de holandeses, decididos a apossar-se daquele ponto essencial para o controlo do comércio marítimo de especiarias.

Antiga porta-de-armas do forte de Diu
Antiga porta-de-armas do forte de Diu

O investimento inglês na região retirou protagonismo a Diu e com a abertura do Canal do Suez, em finais do século XIX, o território perdeu toda a importância estratégica.

Em 1961, aquando da invasão indiana aos territórios portugueses de Goa, Damão e Diu concentrava-se no forte a presença militar portuguesa nestas paragens. Houve luta. O forte sofreu um bombardeamento naval e foi atacado por aeronaves militares. Encontram-se nas suas pedras marcas desse conflicto relativamente recente.

Marcas da agressão da União Indiana em 1961
Marcas da agressão da União Indiana em 1961

Há muito para explorar no forte. A área de implementação é enorme, sucedem-se pátios, os bastiões e zonas muralhadas alongam-se. O mar abraça-o, deixando-o apenas ligado a terra por uma estreia língua. Ali, perante aquela imensidão azul, flagelados pelo vento que sopra do oceano, conseguimos ter uma vaga ideia da vida difícil dos homens a quem saiu em sortes a colocação neste remoto ponto do império. Gente jogada à solidão, sem outra companhia para além dos camaradas de armas, atormentada pelo ócio.

Restam vestígios de duas capelas. Uma mantém a forma, encontra-se geralmente encerrada. A outra pouco mais é que uma ruína, localizada num dos pontos mais afastados do forte.

Alunos de um colégio local visitam o forte de Diu
Alunos de um colégio local visitam o forte de Diu

Existem dois faróis. Um, moderno, ainda em funções. O outro, de utilização portuguesa, foi fustigado pelo ataque indiano, a sua estrutura cravejada de balas e possivelmente o ponto mais alto do complexo. Dali percebemos que a fortaleza principal se encontrava rodeada de postos avançados, pequenos fortins hoje inacessíveis.

Num canto, uma série de peças de artilharia semi-destruídas, ferros retorcidos, pneus em baixo, recorda-nos a humilhação portuguesa. São fantasmas de um passado relativamente próximo. Afinal alguns de nós já éramos nascidos em 1961.

Do Forte de Diu tudo se dominava. Na imagem, os três principais edifícios religiosos podem-se ver ao fundo.
Do Forte de Diu tudo se dominava. Na imagem, os três principais edifícios religiosos podem-se ver ao fundo.

À medida que as horas avançam vão chegando os turistas, quase todos indianos. Esta afluência traz um brilho diferente ao local, o contacto humano, a observação de pessoas.

O forte pode ser visitado gratuitamente. Encontra-se aberto todos os dias, das 8:00 às 18:00. Aconselha-se a chegada à abertura para usufruir do espaço com menos visitas.

Forte de Mar

Conhecido pelos indianos como Forte de Panikhota era também chamado de Fortim de Mar ou, mais formalmente, Forte de Santo António de Simbor. A sua peculiaridade reside na localização: encontra-se totalmente cercado pelo mar, uma ilha ao largo da cidade de Diu, reforçando o poder da já magnífica fortaleza.

Já existia quando os portugueses chegaram a Diu, tendo sido construído durante a época muçulmana. Em 1588, sob as ordens do capitão Aires Falcão, foi reforçado.

O Forte de Mar visto do pontão do Forte de Diu. Aqui se entende como este ponto funcionava como um baluarte avançado da fortificação principal.
O Forte de Mar visto do pontão do Forte de Diu. Aqui se entende como este ponto funcionava como um baluarte avançado da fortificação principal.

No seu interior encontram-se um baluarte central que abriga um farol,
barracões, cisterna, armazém, residência do comandante e a igreja de Nossa Senhora da Vitória, construída em 1638 após uma vitória sobre uma força holandesa.

A possibilidade de uma visita é algo volátil. Teoricamente pode-se apanhar um barco para a ilha-forte. Mas o melhor é perguntar após a chegada e não contar muito com isso.

Igreja de São Paulo

Uma vista geral da igreja de São Paulo, a única activa a servir a comunidade cristã de Diu
Uma vista geral da igreja de São Paulo, a única activa a servir a comunidade cristã de Diu

A Igreja de São Paulo, situada na ilha de Diu, é uma das construções mais importantes que refletem o legado arquitetônico e cultural deixado pela presença portuguesa na região.

Construída no século XVII durante o domínio português, a igreja foi dedicada a São Paulo Apóstolo e serviu como um centro religioso fundamental para os colonos portugueses e para a população local convertida ao catolicismo.

Com um estilo barroco típico das construções portuguesas da época, apresenta uma fachada imponente e um interior decorado com altares trabalhados, imagens sacras e azulejos portugueses tradicionais.

Detalhe da fachada frontal da igreja
Detalhe da fachada frontal da igreja de São Paulo, em Diu

A planta retangular da igreja possui uma nave central espaçosa e altares laterais, destacando o uso de pedras locais e azulejos pintados à mão, características marcantes da arquitetura luso-indiana.

Trata-se da igreja de culto mais importante para os católicos de Diu e pode ser visitada com facilidade, se bem que o interior possa ser algo decepcionante.

Igreja de São Tomé

A Igreja de São Tomé foi construída no século XVI, logo após a chegada dos portugueses a  Diu, em 1535. A igreja foi dedicada a São Tomé, um dos apóstolos de Jesus, refletindo a importância da fé católica na consolidação do domínio português.

Esta igreja teve um papel crucial não só como local de culto, mas também como símbolo do poder e da influência portuguesa na costa ocidental da Índia. Com sua arquitetura simples porém robusta, que combina elementos renascentistas com influências locais, a Igreja de São Tomé serviu durante séculos como ponto central da comunidade cristã portuguesa e dos convertidos locais.

A igreja de São Tomé, em Diu, à hora de pôr-de-sol. O terreiro que se vê em primeiro plano, em alguns dias, enche-se de meninos e homens que jogam futebol

A igreja destaca-se pela sua fachada austera, pela sua planta retangular e pela presença de detalhes decorativos típicos da arquitetura colonial portuguesa, como arcos e janelas emolduradas. Para os portugueses, a Igreja de São Tomé representava não apenas um espaço de fé, mas também um bastião cultural e social em um território estrangeiro, contribuindo para a manutenção da identidade portuguesa e da religião católica em meio à diversidade religiosa e cultural da Índia.

Após a invasão de 1961 a igreja tem sido neglicenciada. Durante algum tempo esteve aqui instalado o Museu de Diu, mas acabou por encerrar.

Detalhe da fachada frontal da igreja de São Tomé, em Diu
Detalhe da fachada frontal da igreja de São Tomé, em Diu

Atualmente, a igreja encontra-se fechada ao público e em estado de abandono, sem uso religioso ou cultural ativo. O interior está vazio e sem qualquer exposição ou atividade. Esta situação é lamentável, considerando o valor histórico e arquitetônico do edifício.

Infelizmente, não há informações atualizadas sobre planos de restauração ou revitalização da igreja. É possível que a falta de recursos e interesse tenha contribuído para o seu estado atual.

Seja como for é um edíficio impressionante, com a escadaria fronteira e a fachada alta. O seu estado de abandono acrescenta até um toque de charme ao edíficio, que proporciona belas fotografias.

Igreja de São Francisco de Assis

A Igreja de São Francisco de Assis, situada junto à muralha do Forte de Diu, é um dos testemunhos mais antigos da presença portuguesa na região. Construída em 1593 pelos frades franciscanos, esta igreja integrava um convento maior, seguindo o estilo arquitetónico austero típico da ordem, com uma fachada simples mas imponente e interiores originalmente decorados com retábulos em madeira e azulejaria.

Durante o período colonial e mesmo após a integração de Diu na Índia em 1961, o edifício do convento anexo foi adaptado para acolher o Hospital Civil de Diu, o que alterou profundamente a sua função e acessibilidade. Esta utilização como hospital prolongou-se por décadas, fazendo com que muitos habitantes locais associem o espaço mais a cuidados médicos do que ao culto religioso.

Escadaria conduzindo à Igreja de São Francisco de Assis, em Diu

Atualmente, no entanto, a Igreja encontra-se desativada tanto como hospital quanto como local de culto. O edifício foi encerrado, e encontra-se vazio, sendo preservado como património histórico. O seu estado de conservação varia, mas continua a impressionar pelo seu enquadramento urbano e importância simbólica.

Embora não esteja aberta regularmente a visitas, a Igreja de São Francisco de Assis continua a ser um marco importante da herança luso-indiana de Diu, evocando séculos de história, transformação e memória coletiva.

INS Khukri

Atracada numa posição central da cidade de Diu, encontramos a corveta INS Khukri, o segundo com este nnome, um navio de guerra transformado em museu.

A história remonta à guerra de 1971 entre o Paquistão e a Índia. A fragata original foi construída no Reino Unido e incorporada na na marinha indiana em 1958. Durante a guerra foi enviada em patrulha para a zona de Diu. No dia 9 de dezembro de 1971, enquanto realizava essas manobras, o INS Khukri foi atingido por torpedos disparados pelo submarino paquistanês PNS Hangor. O navio afundou-se em menos de dois minutos, levando consigo 194 tripulantes.

Para perpetuar essa memória, foi construída posteriormente um novo navio com o mesmo nome, uma corveta de mísseis da classe Khukri, que entrou ao serviço em 1989 e serviu até 2021.

O INS Khukri foi então transformado num museu flutuante, oficialmente inaugurado no Dia da República da Índia, a 26 de janeiro de 2022.

Trata-se de uma visita interessante, que dá uma ideia da vida a bordo de um navio de guerra, com uma série de salas abertas ao público, mantidas como eram no tempo de vida operacional da corveta. Mesmo para quem não tem um interesse especial por estes assuntos, considerando o preço reduzido do bilhete e a localização central.

O navio encontra-se aberto todos os dias, das 08h00 às 13h00 e das 14h00 às 19h00. A entrada tem um custo simbólico de ₹100.

Junto ao navio existe um memorial dedicado aos militares indianos que tombaram durante a invasão de 1961.

Deambulações

Diu pode não apresentar uma longa lista de pontos de interesse, mas é uma localidade onde apetece deambular, descobrir os pequenos detalhes, cantos perdidos, momentos da vida quotidiana.

Junto ao Mar

Caminhar do centro de Diu até à costa oceânica é um exercício de repouso. Se o viajante anda há dias ou semanas pela Índia pode até estranhar a tranquilidade e a ausência de pessoas por estas paragens.

Dependendo do percurso que tomar poderá passar em frente a um antigo hospital entretanto encerrado, que foi instalado num convento português de outros tempos.

O templo hindu Chandra Moleshwar Mahadev, em estado de abandono, ergue-se no topo de uma falésia.

É provável que encontre a muralha que defendia Diu, recentemente restaurada. E verá o mar, azul até à imensidão, a orla poluída com lixo trazido pelas águas.

No alto da falésia um pequeno templo hindú encara o mar. Lá em baixo há um complexo que interrompe a linha de costa, impede o regresso por um caminho diferente. É um resort do Estado, uma espécie de messe militar.

Bairro Hindu

Esta área da cidade pode facilmente passar despercebida mas é imperdível. Um passeio a pé revela uma Diu muito local, onde os turistas raramente vão. Ao virar de cada esquina encontram-se novos detalhes. Há casas antigas, algumas encerradas há décadas. As portas são especialmente interessantes, mas há pormenores que merecem a atenção. Aqui e acolá lêem-se nomes portugueses, como a Tecelagem Lisboa.

E depois, há as pessoas. O vizinho que lê o jornal sentado no chão, a senhora que vem das compras, as motorizadas que passam, com três ou quatro passageiros. Pelas ruas deambulam vacas, animais sagrados por aqui.

Uma vaca sagrada passeia-se pelo bairro hindu de Diu
Uma vaca sagrada passeia-se pelo bairro hindu de Diu

Encontramos um par de templos hindús. Vendedores de rua empurram os carrinhos carregados com as suas mercadorias. Todo este passeio oferece oportunidades únicas de fotografia de rua, acabando junto à muralha.

Como referência, procure a Randal street, pode começar no seu extremo oriental. E depois termine na porta da cidade que se encontra na Zampa road. Infelizmente o restauro que ocorreu nessa porta retirou-lhe o charme que ainda podemos ver em muitas fotografias existentes na Internet.

Pela Marginal

Quem sai do Forte de Diu pode facilmente caminhar em direcção à Marginal, é a direcção natural.

O primeiro destaque vai para um misterioso monumento em forma de obelisco que não tem uma indicação clara sobre as suas origens e propósito. Existe ali uma área de lazer que funciona também como miradouro, de onde se vê claramente a linha da Marginal e o Forte de Mar.

Monumento sem nome junto ao mar

Mais à frente encontramos o INS Khukri e o Monumento às baixas indianas de 1961. É uma zona para passear durante o dia mas também ao serão, quando se torna especialmente animada.

Surgem depois os restaurantes e pensões viradas para o mar, uma a seguir à outra, numa sequência de estabelecimentos. Do lado direito, já a chegar à porta de saída da cidade, há uma multidão de embarcações de pesca.

Onde Dormir e Comer

Há diversas opções nas plataformas usuais. Quando fui escolhi uma pensão no AirBnB mas não correu bem. Não havia papel higiénico e recusaram-se a fornecer. Discussão, a que se seguiu o cancelamento da reserva. Saímos para a rua em buscar de uma alternativa e encontrámos uma casa de nome português. Mãe e filho, ambos falando a nossa língua como sua primeira, fazem uns dinheiros quando aparecem hóspedes na Herança Goesa.

Este é um estabelecimento sem presença online, é mesmo de ir lá e bater à porta. Quartos simples e humildes mas baratos, a 10 Euros para duas pessoas. Localização afastada do barulho mas de fácil acesso.

Herança Goesa

Não há grande oferta para comidas. Na marginal, perto da principal entrada de Diu, perfilam-se uma série de restaurantes turísticos focados nos pratos de peixe. O meu segredo tem um nome: O Coqueiro. Adorável espaço ao ar livre mas coberto com palhinha, bem decorado. Parece não pertencer a Diu, mas ali está, à nossa disposição. É também um negócio de família. O casal de proprietários atende e prepara os manjares. Preços acessíveis, boa variedade, qualidade. Recomendado.

Roteiro histórico de 3 a 4 dias em Diu – À descoberta da presença portuguesa

Dia 1 – As fundações da presença portuguesa

  • Forte de Diu: ponto de partida obrigatório. Construído em 1535, é um dos maiores legados militares da presença portuguesa no Oriente. Visita às muralhas, torres, antigas celas, farol e à capela interna dedicada a São Jorge.

  • Cemitério português antigo: junto ao forte, com lápides em português e brasões que contam histórias de antigos moradores e soldados. Encontrá-lo é um desafio. Arranjar a chave para visitar é quase missão impossível. Pergunte na igreja de São Paulo.

  • Passeio pelas ruas do centro histórico, ainda com traçado urbano e toponímia de origem portuguesa. Observa-se a arquitetura das casas com varandas em madeira e azulejos.

Dia 2 – A fé e o património religioso

  • Igreja de São Paulo (1601–1610): o mais imponente templo católico de Diu, com fachada barroca ricamente trabalhada, retábulo dourado e altar-mor de influência goesa.

  • Igreja de São Tomé: antiga igreja adaptada a museu. Permite conhecer o quotidiano colonial e artefactos religiosos da presença portuguesa.

  • Capela de Nossa Senhora das Angústias (se ainda visitável): pequena mas importante capela devocional da comunidade luso-indiana.

  • Conversa com locais de ascendência católica para compreender como sobreviveu a fé e os ritos após 1961. Se ficar na casa Herança Goesa pode começar por aí pois os proprietários são católicos fervorosos.

Dia 3 – Cultura e memória

  • Museu do Forte de Diu (separado do forte principal): documentos, mapas e objetos do período colonial.

  • Visita ao Forte de Panikotha (Forte do Mar): fortificação menor, construída sobre uma ilhota à entrada do porto, visível do Forte de Diu. Chegava-se por barco e servia de ponto de vigilância avançada.

  • Tarde no bairro cristão antigo, com paragem em pequenas mercearias, padarias ou casas senhoriais, algumas ainda habitadas por famílias com nomes portugueses.

Passeios Organizados pela Make It Happen

Sugestão
Poderá o visitante querer fazer uso dos serviços da Make It Happen, uma pequena empresa que oferece passeios guiados por Diu. Poderá consultar o website makeithappen.co.in e ver as opções disponíveis

 

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