Depois da fugaz passagem pelo Bahrain – apenas um dia inteiro – seria a vez de visitar o Kuwait. Tinha um voo marcado, uma coisa de curta duração, são países muito próximos. Saio de manhã, depois de um simpático pequeno-almoço preparado pelo meu anfitrião que se levantou especialmente para mo preparar.

Gosto sempre de sair para aeroportos com uma antecedência confortável e desta vez deu jeito. Já ia a meio caminho no Uber contratado quando me apercebo que o casaco com muita coisa nos bolsos e o meu lenço tinham ficado no quarto. Regresso apressado a casa. Consegui contactar o anfitrião que esperava o carro na rua com as minhas coisas. Obrigado ao simpático condutor indiano e ao bondoso anfitrião!

Então agora a caminho, agora já um pouco mais apertado de tempo mas mesmo assim capaz de apanhar o avião.

Não gostei do Kuwait desde o primeiro momento. O aeroporto é decadente, desagradável, triste. Há autocarros para viajar para a cidade. Igualmente decadentes, desagradáveis, tristes. Quer dizer, não preciso de especial conforto para viajar, mas se estou a atravessar o Sudão espero uma coisa, se estou num dos países mais ricos do mundo onde o dinheiro jorra quase literalmente do chão, tenho outra expectactiva.

Há que mudar de autocarro. O segundo é um daqueles de dois andares, consigo o lugar lá em cima, mesmo à frente, uma maravilha para os olhos abertos do visitante. A viagem é longa, estorvada em extensos segmentos por monumentais congestionamentos de trânsito. Essa será uma dominante da visita ao Kuwait.

Da paragem até ao alojamento AirBnB é um pequeno saltinho. Tinha tido algumas picardias com o anfitrião, simplesmente não gostei de algumas exigências… contacto Whatsapp, envio de documentos antecipidamente e outras coisas assim. Antevia uma relação difícil mas isso disssipou-se à chegada.

O alojamento é pouco usual… sobe-se de elevador e em vez de se sair para um hall nas escadas, não, entra-se logo no apartamento. Ele esperava-me e perguntando-me se tinha fome – oh e se tinha – logo me põe a mesa e me serve uma deliciosa refeição síria. Depois conversamos longamente. Ele é egípcio, jornalista e homem de cultura. Tinha um trabalho bom no Cairo, num dos melhores jornais do Egipto. Deixo-se aliciar por um projecto e pelos pedrodólares e as coisas não correram bem. Agora sente-se refém no Kuwait e completamente farto do país.

Do elevador para casa

Instalei-me, preparei o resto do dia e saí. Tinha planos ambiciosos mas logo me apercebi que na cidade do Kuwait tudo é complicado. O trânsito é insuportável e mesmo fora de hora de ponta qualquer trajecto de alguns quilómetros é coisa para demorar horas.

Saí do autocarro antes de chegar ao ponto planeado. Vou mais depressa a pé e vejo aqui um atalho. Vou ver as Kuwait Towers, um elemento icónico da cidade. Estou junto ao mar, atravesso a custa uma avenida de várias faixas sem qualquer passagem de peões ou semáforo à vista. Uma aventura perigosa.

Há uma praia antes das torres que já se vêem ao longe. Não me parecem especialmente interessantes. Na realidade, estão no seu melhor depois de escurecer, quando as luzes se acendem.

E como depois de experimentar aquele trânsito não estou com muita vontade de ir a mais lado algum deixo-me estar por ali, a apreciar a brisa marítima, aquele cheiro a água salgada. A noite vai caindo, devagarinho, e as pessoas começam a sair à rua. O ambiente melhora, humaniza-se. Está agradável, com aquelas cores quentes de pôr-de-sol e o calor subtil, que não asfixia.

Já está escuro e estou fascinado com as torres. Mais próximo ganham volume. E agora com as luzes ligadas são um espectáculo. Não me canso de tirar fotografias.

Mas tudo tem um fim. Chamo um Uber e ao fim de um bocado consigo o carro. De volta para casa, para descansar e conversar com os meus companheiros de alojamento, que são dois polacos, por coincidência. Nos últimos três dias encontrei três polacos a juntar ao que conheci nos primeiros dias de Arábia Saudita. Todos os estrangeiros que encontrei nesta viagem foram polacos.

 

 

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