Dia 21 de Janeiro de 2020, Terça-feira

É o segundo dia em Riobamba, o primeiro completo. Um daqueles dias que podia não ter existido, não porque tivesse acontecido algo de especialmente mau mas porque não serviu para muito no contexto da viagem. Ao planear, ao decidir, começo a notar que não preciso de ser tão pausado, com toda a subjectividade que isto implica. Dou comigo a passar demasiado tempo, para o que sinto conveniente e necessário, nas paragens ao longo da viagem.

Depois do delicioso pequeno-almoço no hostel, um pequeno passeio até ao cemitério de Riobamba. É ao fim da rua, só que o fim da rua é a mais de um quilómetro.


Não encontrei grandes motivos de interesse no cemitério. Uma família chorava a sua perda. Nada de túmulos antigos nem de campas ricamente decoradas. Um cemitério pobre e simples, mal cuidado e mal amado. Diferenças culturais e isto também é descobri-las.

Caminhada agradável para o centro. Hoje o dia está um pouco mais sorridente. As poças de água no chão testemunham que a chuva passada não foi fruto da minha imaginação. Gosto deste passeio. Uma perspectiva da vida quotidiana das pessoas de Riobamba. Senhoras no cabeleireiro, gente que sai para a rua para ir para o trabalho, meninos que vão à mercearia buscar aquilo que faltou na mesa do pequeno-almoço.

Voltamos ao centro apenas para rever o que já tinha sido visitado na véspera. As praças de Riobamba. As igrejas. Se planeia viajar, sugiro que não reserve muitos dias para esta cidade. Agradável, mas rapidamente esgotada.

Vamos ao Museu da Cidade, uma visita gratuita e um símbolo de Riobamba: simpático mas pequeno. Mais umas quantas voltas pelo centro, em busca de casas antigas, de cores, de coisas para ver e sorrir.

Acabamos por reencontrar a estação, que já tínhamos visto, de passagem, à chegada. É uma estação de comboios histórica. Desempenhou um papel essencial na linha de Tren a las Nubes mas hoje está quase desactivada. Apenas um comboio sai daqui, uma vez por semana. As partidas diárias para a rota que é agora uma mera atracção turística são de Alausi, para onde seguiríamos no dia seguinte.

A estação está muito bem arranjada, sendo sede dos escritórios da empresa que mantém os comboios históricos. Tornou-se numa atracção turística, tem um pequeno museu de uma só sala.

A próxima paragem neste passeio por Riobamba é no parque 21 de Abril, tido como o melhor ponto para observar os vulcões que rodeiam a cidade e o pôr-do-sol. Lá em cima uma cholita está sentada, a passar tempo, com o seu menino. Uma igreja chama-me a atenção. Iglesia de Cristo Mano de Dios (na imagem de topo deste artigo). Ali perto há o mural de la nacionalidad. Um canto sossegado numa cidade agitada.

Agora vamos comer. Bem, ou talvez não. Um sumo de fruta como o fazem por estas paragens servirá de refeição. E depois de muito procurar encontramos o local ideal para o tomar, nas lojinhas instaladas numa das alas laterais de um mercado.

Foi um momento agradável, muito pitoresco, muito local. As pessoas param ali para tomar o seu sumo e conversar um bocado. Imagino que assim como quando encontramos alguém na rua dizemos “temos que ir tomar um café”, o pessoal no Equador diga, “temos que ir tomar um sumo”. E fazem-no. Enquanto estamos ali três jovens amigos fazem-no. Assim como o faz uma família. E uma senhora idosa, sozinha.

Hora de seguir. Para o hostel. Descansar e tratar do expediente, com a clara sensação de que Riobamba está esgotada. Podíamos ter ficado menos tempo.

Depois de algum céu azul de manhã, voltam as nuvens e chove durante boa parte da tarde. Quando o dilúvio amaina saímos para mais uma volta, mas não está de feição. Barulho, trânsito, uns pingos que caem do céu. Comprar alguns abastecimentos para o serão e para a viagem do dia seguinte e regressar para o conforto do hostel.

Recolho alguma informação do bem informado dono do estabelecimento. O alojamento foi uma boa escolha. Para que conste, chama-se Villa Bonita.

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