Dia 7 e 8 de Março de 2020, Quinta-feira e Sexta-feira

Estes foram dias de fazer pouco e descansar muito. Tinha decidido não voltar às quedas-de-água depois da visita decepcionante à parte argentina de Iguazu. Ficou sem efeito a ideia de ver a zona brasileira e a parte do Paraguai também não me interessava especialmente.

Tratei de pequenas coisas. Tentei encontrar uma lavandaria cuja brochura tinha visto no hostel. Andei, procurei, perguntei a pessoas – de novo esta vantagem de viajar em países onde não existe uma barreira linguística – e nada. Desisti. E como precisava mesmo de roupa lavada conformei-me com os USD 6 que pediam naquela junto ao terminal de autocarros e lá fui.

Aproveitei para comprar a passagem do dia seguinte para o aeroporto. O meu voo era ao início da noite e por isso paguei quase o dobro pelo bilhete do transfer. Mas OK, foram só uns quantos Euros e vou nas calmas. Era isso ou esperar umas horas no terminal e na altura não estava com disposição para tal coisa.

Passei de novo pelo supermercado para mais abastecimentos. Revisitei a geladaria mais afastada, estiquei as pernas. Ainda pensei em fazer um passeio mais longo em Puerto Iguazu, mas estava-me a saber tão bem aquele momento de fazer nada que me deixei estar. O calor forte também não encorajava.

Lá tomei os dois pequeno-almoços providenciados pelo hostel. Passei umas boas horas deitado no beliche de papo para o ar. Investigando os próximos passos da viagem, fazendo reservas, estabelecendo contactos. Estava tudo a correr bem e em breve estaria em Buenos Aires. Considerava à partida esta etapa um dos pontos mais altos da viagem e não desiludiu. Mas isso a seu tempo.

Agora era continuar ali a relaxar. As redes esticadas no jardim do hostel ajudavam. Bons bocados passei eu ali a ler. Gostei, gostei de Puerto Iguazu por aquilo que é, uma base agradável para recarregar baterias, um local seguro, onde se pode tratar de todos os problemas pendentes e descansar bem.

O segundo dia foi apenas de meio repouso, pois se apenas ao final da tarde tinha o transfer agendado, o stress de chegar a Buenos Aires à noite agitou-me um bocadinho. Tinha arranjado com o meu anfitrião AirBnB de forma que em vez de dormir um par de horas no terminal de aeroporto me poderia dirigir directamente a casa dele… a meio da noite… espectacular. Deveria chegar por volta das 4 da manhã. Muito simpático da parte dele.

Saí de Puerto Iguazu em grande, quando o sol se punha, com grande tranquilidade. Uma carrinha grande levou-me juntamente com mais uns dez passageiros. Ia cheia. Cheguei ao terminal no ocaso, havia uma atmosfera muito adequada para colocar um ponto final nesta fase da minha viagem.

Não era apenas sair de Iguazu e chegar a Buenos Aires. Era terminar com a América Latina “wild”, de improvisos constantes, e entrar numa outra América Latina, quase europeia. Primeiro Buenos Aires, depois o Uruguai e por fim um pedaço do sul do Brasil. Claramente um novo capítulo, o último capítulo.

No aeroporto, uma certa confusão, porque a Norwegian (sim, a Norwegian faz voos domésticos na Argentina) usa um pequeno terminal anexo que mais se parece com um barracão e não dei com aquilo facilmente.

Mas pronto, o voos fez-se, tranquilamente, com um avião cheio de gente sossegada. Depois foi a chegada a Buenos Aires. Mais uma trabalheira para conseguir transporte para o centro. Certamente que não iria apanhar um táxi regular e pagar os seus preços. E conseguir um Uber foi um drama. O primeiro não me viu ou não veio, e cancelou o serviço. O segundo lá me recolheu, depois de alguns mal-entendidos.

E durante todo este tempo fiquei ali, de mochila, junto a uma estrada ou avenida cheia de tráfego, às 3 da manhã, numa das zonas a evitar em Buenos Aires, uma cidade sobre a qual tinha ouvido tantas advertências na área da segurança.

Estamos a meio da madrugada e a cidade não pára. Está calor. O condutor é simpático, vamos falando. Ainda é uma viagem relativamente longa, apesar dos voos domésticos usarem o antigo aeroporto, basicamente no centro de Buenos Aires, junto à foz do rio da Prata.

E lá estou, em San Telmo, um bairro que me ficará no coração. O meu anfitrião abre-me a porta, conversamos um pouco e depois durmo, no chão, a condição para esta primeira noite, gratuita, cortesia da casa. E durmo muito bem!

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