O México nunca teve uma presença substancial no meu imaginário de viagem. Como sempre nestas coisas é difícil encontrar uma explicação. Talvez os inputs precoces tenham sido negativos mas a verdade é que mantive uma imagem negativa deste país até esta fase da minha vida. Uma nação sem rumo, miserável, com paisagens tristes.

A enorme influência que o cinema norte-americano tem na maioria de nós não ajudou, assim como o desagrado que o meu palato sente em relação às habituais iguarias mexicanas: tudo o que é feito de milho frito não é para mim… enchiladas, quesadillas, nachos… não obrigado.

A tudo isto juntaram-se os resultados do meu trabalho de pesquisa. Não encontrei nada no México que me entusiasmasse. Lá juntei uma série de pontos e desenhei um plano para as cinco semanas previstas de viagem. A custo. Faltaram-me encontrar aquelas pequenas aldeias ou fazendas rústicas no meio de nenhures, as incursões na natureza que se pudessem fazer de forma descomplicada e económica. Comparando, nunca senti que o México pudesse ombrear com todos aqueles países da América Latina que já visitei (e que são quase todos) e de que tanto gosto.

Mas enfim, rodeado de pessoas que não poupavam adjectivos positivos a viajar neste país quis convencer-me de que uma vez no terreno o cenário iria melhorar. E comprei os bilhetes.

345 Euros para a ida e a volta, com partida de Sevilha, que para mim é mais próxima do que Lisboa. Cinco semanas, como disse. O preço ajudou à decisão. Isso e ser mais um país a juntar à minha lista. Por fim, o facto de o México não complicar em nada a entrada a turistas no contexto do COVID-19. Um passaporte válido, como sempre, e seria tudo.

E foi assim que naquele dia de Novembro nos pusemos a caminho para Sevilha com a Rede de Expressos. É uma viagem sempre simples, esta rota de Faro até à capital da Andaluzia. Não se passava o mesmo há uns anos, quando havia paragens em diversas cidades durante o percurso, o que implicava sair da auto-estrada e desvios relativamente longos. Mas as coisas mudaram e agora são pouco mais de duas horas para vencer os duzentos quilómetros.

Um quarto AirBnB, old style, mesmo no apartamento de uma anfitriã a uma centena de metros da estação de autocarros da Porta de Armas. Os voos seriam no dia seguinte. Pela manhã, de Sevilha para Lisboa, e depois, umas horas depois, o grande trajecto transatlântico, até Cancun.

O dia estava agradável, ideal para passear por Sevilha. Revisitar locais já conhecidos e descobrir outros. Muitos turistas nos pontos mais famosos. A primeira viagem com a nova câmara Fuji X-T30, depois de três anos na estrada a fotografar apenas com telemóvel. E Sevilha foi o primeiro cenário que encontrei para testar o equipamento para além daqueles disparos experimentais que se fazem, por assim dizer, à porta de casa. Maquineta aprovada, e com distinção!

As horas daquela tarde pareceram mais do que realmente foram. Entrámos a matar nesta longa viagem, longo com mais de uma dezena de quilómetros nas pernas a explorar Sevilha.

A Praça de Espanha estava magnífica, mais majestosa do que me recordava. Descobrimos uns recantos novos, muito fotogénicos, e acabámos por não passar por outros locais considerados imperdíveis, como a catedral ou a mais importante rua pedonal da cidade.

Depois foi descansar, preparar para o longo dia que se seguiria.

Bem cedo, despertar e caminhar até à estação de autocarros. Percurso até ao aeroporto. Voo atrasado um par de horas. Felizmente o espaçamento entre voos era confortável, mas já não deu para passar um bocado com a minha irmã em Lisboa como tinha previsto.

Portanto, pela hora de almoço, voar no pequeno avião da TAP até à Portela e nas calmas chegar até à porta de embarque onde o enorme Airbus esperava para nos levar para o México (foto de topo).

Este segundo voo descolou quase à hora. Uma aeronave impecável, nova, bem equipada e espaçosa. De tal forma que termos os piores lugares – no meio do bloco central de assentos – nem foi doloroso. As horas passaram num instante, entre leitura, refeições, um passar pelas brasas e um par de filmes vistos. Um bom serviço TAP, para variar.

Aterrámos em Cancun perto da meia-noite. No relógio só se tinham passado umas horas, mas estávamos agora cinco horas à frente do tempo em Portugal.

No aeroporto, toda a gente muito simpática. Notámos a boa onda dos taxistas, sem pressões e a darem uma ajuda mesmo sabendo já que não seríamos clientes. Levantar dinheiro no Multibanco e encontrar as senhoras que nos alugaram um quarto para esta primeira noite mexicana.

Lá estavam. Ainda foi uma longa viagem desde o terminal até à casita onde ficámos, que no mapa nem parecia muito longe. E estavam lançados os dados para esta viagem.

 

 

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