18 de Maio de 2023

Para hoje enfrentaria um dos troços mais longos desta viagem da Namíbia. 346 km. Mas depois de três dias na base sólida de Swakopmund não seria complicado.

Saímos de manhã cedo, fazendo o percurso em estrada excelente até Walvis Bay. Há uma luz mística que envolve a orla costeira, à minha direita, e o deserto, à esquerda.

Depois, chegados a esta cidade, o adeus ao asfalto e o regresso aos estradões de terra batida. 300 km deles pela frente. Num percurso sem grande história.

Uma paragem quase à beira da estrada para encontrar uma geocache e ver pela primeira vez uma Quiver tree. Estradas imensas, intermináveis.

Cruzamos o Trópico de Capricórnio. E continuamos por rectas a perder de vista. Ao longe um grupo de antílopes desloca-se para parte incerta.

Chegamos a Solitaire. Este pequeno povoado, nada mais que um lugarejo, tornou-se uma paragem obrigatória para quase todos os visitantes da Namíbia pois dificilmente se chega a Sossuvlei – o lugar mais procurado do país – sem por aqui passar. E tem uma história curiosa, uma mística própria.

Em 1948 Willem Christoffel van Coller adquiriu ao Governo uma vasta porção de terras com o objectivo de aqui criar gado. O nome do local foi dado por Elsie Sophia em honra de uma árvore solitária que existia junto ao posto de gasolina que criaram. Um nome que se aplica igualmente bem a tudo aquilo, perdido no meio do deserto.

Percy Cross McGregor chegou a Solitaire no início dos anos 90. Gostou e abriu ali uma padaria, tornando famosas as Big Moose Apple Pies que, apesar do falecimento do seu criador, continuam a ser confecionadas todos os dias.

Solitaire é uma base essencial. Ali o viajante pode tratar das suas necessidades habituais: encher o depósito da viatura, beber algo fresco e comer. Há também uma oficina onde muitos pneus já foram remendados. E depois há as viaturas antigas cujas fotografias são icónicas e se encontram em qualquer artigo de viagem na Namíbia.

Mais ou menos depois de deixarmos Solitaire para trás chegámos a Sesriem. Trata-se da principal base de acesso a Sossuvlei. Como povoado é um lugarejo. Tem uma estação de polícia e uma bomba de combustível. Pouco mais. Mas encontram-se ali uma série de lodges e um par de parques de campismo.

Ficámos no da NWR, a organização estatal de turismo. Correu bem. É um parque semelhante aos de Etosha, também eles da NWR. Talvez menos refinado. Afinal há avisos com os cuidados a ter quando se vai à casa de banho à noite: hienas e chacais podem andar por ali. E encontram-se grandes antílopes a vaguear entre as tendas, com a naturalidade com na Europa se vêem cães.

Para visitar Sossuvlei, a zona onde se encontra o famoso Deadvlei, é necessário um ingresso que tem uma validade de 24 horas. Ou seja, teoricamente quem chegar a meio da tarde pode visitar ao pôr-do-sol e depois no dia seguinte pela manhã, sem mais despesa. Mas entre Sesriem e Sossuvlei vão 50 km. É verdade que se fazem por uma estrada asfaltada em imaculada condição, quase uma visão do paraíso. Mas depois de hesitar um pouco decidi descansar e ir apenas uma vez, no dia seguinte, bem pela manhã.

Quem fica no parque da NWR tem uma grande vantagem: pode iniciar a viagem de 50 km mais cedo do que o comum dos mortais e também pode regressar um pouco mais tarde. Faz toda a diferença.

Instalados fomos ver o canyon de Sesriem, a única coisa que há por ali para visitar. Não há muito a dizer… é um canyon seco, onde se pode descer nesta época. Há por ali outros grupos de turistas. Não fico surprendido considerando que estou na zona mais turística do país.

Tentei primeiro pela estrada errada. Vi o parque de estacionamento mesmo ali, junto a mim, mas com uma rede intransponível a barrar-me o acesso. Tive que regressar ao parque e aceder por dentro, sempre por dentro.

Serão tranquilo, descansar para o longo dia seguinte, no qual visitaríamos o Deadvlei de manhã tendo a longa viagem para sul da parte da tarde.

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