Dia 15 de Fevereiro de 2020, Sexta-feira

Ao fim de três dias em Sucre comecei a sentir que os passeios se repetiam, que a cidade se esgotava para aquela exploração intensiva de descoberta. Sem problema. Seria então tempo de sentir o pulso do sítio, de vaguear por pontos já encontrados, de repetir passeios.

Tomei o pequeno-almoço no alojamento, bom, como sempre. Falei com a proprietária sobre uma opção que tinha debaixo de olho, de tomar o bus carril de Sucre para Potosi. Trata-se de um autocarro que está instalado sobre rodas de comboio e faz a viagem numa linha de caminhos de ferro. Algo muito interessante. Serve aldeias remotas, sem estrada, e pelo que tinha lido raramente é usado por turistas. Mesmo o meu tipo de coisas. Mas a ideia vinha cheia de problemas: só há uma partida algumas vezes por semana. Bem cedo. E os bilhetes esgotam rapidamente, pelo que me é aconselhado a ir para lá horas antes. Ou seja, acordar a meio da noite. Confiar que o táxi agendado aparece, e depois esperar de forma desconfortável. Acabei por desistir.

Depois da refeição da manhã fui esticar as pernas. Encontrei o mercado. Muita cor, como sempre. E os produtos usuais, as frotas e legumes, algum peixe, carne.

Saí dali e fui-me sentar um pouco numa praçeta que me pareceu ideal para observar pessoas. Um grupo de jovens fazia uma micro-manifestação. Um velhote está sentado noutro banco a fazer o mesmo que eu. E um outro homem de alguma idade e com roupas muito locais vem tentar vender-me qualquer coisa. Em redor a multidão passa apressada nas suas idas e vinda diárias.

Vou até à praça principal. Há ali edifícios que não resisto a fotografar de cada vez que os vejo. Meto-me por algumas ruas que me parecem novidade. Mais prédios lindíssimos. Não há muito trânsito. Sucre é a primeira cidade da região onde o trânsito não me parece infernal.

Vejo um posto de turismo. Há alguns, mas este tem uma particularidade: é universitário, provavelmente com estudantes que se voluntariam para o trabalho. Regresso ao hostel.


A meio da tarde dá-me fome. Vou à procura de um restaurante. Há vários dias que não tomo uma refeição feita de comida a sério, por assim dizer.

Ando e ando e não encontro nada a meu gosto. Os restaurantes ou estão fechados ou têm configuração para turistas. Mas não há fome que não dê em fartura, como se costuma dizer, e neste caso resultou de forma bastante literal. A algumas centenas de metros da praça central, encontrei um restaurante que parecia aberto apesar de não se ver ninguém.


Encontrei a cozinha e meti a cabeça lá dentro. Perguntei à senhora que vi se se podia comer. Disse que sim. Sentei-me num pátio e recebi o menu. Já o tinha visto à porta e encomendei.

Foi delicioso! Talvez a melhor refeição de toda a viagem. Comida tradicional boliviana num restaurante local. Barato. Sumo delicioso. Só tenho mais um dia em Sucre mas certamente que regressarei. O local chama-se Azafran.

O dia foi isto. Porque o resto foi passado a ler e a escrever, a preparar o resto da viagem e a conversar com pessoas no hostel. Mais uma passagem pelo supermercado e mais um gelado. Tempos bons em Sucre.

 

 

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