5 de Fevereiro de 2024

Mais um dia maravilhoso e cheio de surpresas. Pela manhã o pequeno-almoço no hotel. Não há muitos hóspedes. Está na sala de refeições uma família nepalesa. Dois homens estão sentados noutra mesa, mas penso que não são clientes mas sim o proprietário e alguém dos seus conhecimentos.

Saímos para a rua. Aquela hora o durbar encontra-se practicamente vazio. Ali, na base de um templo, encontra-se a mesma pedinte. Ganha outro destaque agora, que é a única pessoa à vista.


Usamos este tempo para explorar agora uma outra Bhaktapur, mais residencial, onde encontramos as pessoas que vivem na cidade e não as que a visitam. Ruas e pracetas, mercados, lojas e templos. Descobrimos uma praça grandiosa, com um enorme templo e edifícios fascinantes em seu redor.

Vamos andando uma via que parece importante, como que o eixo natural da cidade. Há lojas variadas, algumas mais prácticas, a vender vegetais e frutas, mercearia e pão. Outras, mais vocacionadas para o turismo, com artigos interessantes e tão baratos que dá vontade de comprar tudo e trazer.


Eventualmente chegamos à outra praça, que se sente como o final de um percurso natural pelo centro histórico. O mapa turístico não vai além dela. Nem nós. Sentamo-nos ao sol a aquecer os ossos, que até agora se tem passado a manhã nas sombras e ali faz frio.

Um grupo de jovens modernas tira fotos. Surge um homem com uma bandeira do Nepal, que empresa para adornar as imagens levadas daquele dia em Bhaktapur. Um pequeno grupo de idosos joga xadrez. Aliás, dois jogam, os outros observam.


Bebemos ali uma bebida, enquanto descansamos mais um pouco antes de iniciar o caminho de regresso para a nossa parte da cidade.

A temperatura subiu, já está mais agradável. Experimentamos uns bolos comprados numa colorida loja.

E voltamos à praça do enorme templo onde por esta hora já se juntou uma multidão. Há uma figura vestida de forma única, com uma máscara colorida. Como se fosse um feiticeiro ou uma alegoria a um ser divino. Dança, enquanto alguns músicos marcam o ritmo, tud observado por cachos de gente que por ali se concentra.

Já no durbar, junto a “casa”, o ambiente muito muito. É Domingo e muita gente vem até aqui passar umas horas. Há noivos que procedem a sessões de fotografia naquele lugar mágico. Grupos trajados de igual. Mais noivos. Quase toda a gente vestida a rigor. Muita cor, uma grande atmosfera.

Alguns daqueles edifícios centenários albergam restaurantes que se encontram bem preenchidos de clientela. Eventualmente vamos descansar um pouco no quarto. Também ali se está bem, com o sol agradável que entra pelas janelas e o espectáculo que podemos ver mesmo dali… uma boa parte da praça, as pessoas a posar para o retrato naquele templo que está mesmo ali à nossa frente.

Já ao final da tarde, nova expedição. É o último dia em Bhaktapur e há que aproveitar. O ambiente continua fantástico. Cada vez há mais gente. Ali nas portas entra e sai gente como num caudal. Saímos também, espreitando o que há para além, mas não nos afastamos muito porque de facto o interesse perde-se rapidamente umas centenas de metros à frente.

Por um acaso regressamos à praça do templo grande e torna-se claro que é ali que está a animação toda. A figura de feiticeiro é agora perseguida por uma multidão de miúdos, num ritual que se adivinha antigo. Ela corre e eles correm atrás com grande alarido. E de repente ela vira-se e a rapaziada exclama de pavor, tenta fugir. Um é agarrado e levado para um ponto. O capturado ali fica, parte do jogo.

O movimento prossegue durante muito tempo. Eventualmente saem da praça, onde parece agora reinar uma tranquilidade elusiva. Passados uns minutos regressam.

Subo ao topo do templo maior, cujas escadarias estão cheias de gente. A vista dali é impressionante. Lá em baixo a brincadeira parece ter parado. Pelo menos por agora.

Um grupo de homens, anciães, senta-se no chão, seguindo uma linha em forma de quadrado. Trazem instrumentos e livros de música. Para já conversam apenas mas adivinha-se espectáculo.

Noutro canto, encostados à parede de um templo menor, outro grupo toca já. Estes são apenas quatro mas a música que dali sai não é por isso menos boa. Mesmo ao seu lado uma enorme máscara de madeira. O feiticeiro descansa. Por enquanto, pois em breve a correria será reatada.

A noite vai caindo mas a festa não abranda. O grupo de homens formado em quadrado toca e canta, os livrinhos alumiados por velas.

Do outro lado da praça há uma outra cerimónia, com homens jovens a fazer lembrar monges iniciados, distribuindo bênçãos e oferendas.

Por fim a festa parece esmorecer. A multidão já não é tão compacta, as pessoas começaram a retirar-se. Quanto a nós jantaremos – bem – num pequeno restaurante num primeiro andar de uma pequena casa, num canto obscuro não muito longe e a meio caminho de casa.

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