Quando acordei já não estava ninguém em casa. Preparei-me para sair. Tinha-me deixado estar na preguiça demasiado tempo e agora vou pagar por isso, na forma do calor que me espera lá fora.

É a primeira vez que vejo o Bahrain à luz do dia. O plano é caminhar até ao forte do Bahrain, uma estrutura militar originalmente construída pelos portugueses. É cerca de um qiulómetro, um passeio que aprecio. Já estava a precisar da Arábia Saudita, apesar de tudo é um clima algo opressivo. Aqui as coisas são mais simples. O inglês é a língua corrente e é um mundo mais fácil de entender.

Junto ao forte existe um museu. Encerrado hoje. Há também um café e um pátio desenhado de forma a receber a aragem que vem do mar, é como que um ar condicionado natural e deixo-me estar ali um bocado a refrescar.

Prossigo o passeio, passando junto às ruínas de um bastião do qual apenas restam as estruturas.

A entrada no forte é gratuita e é uma visita que me agrada. Há muito para explorar e apesar do calor algo excessivo o dia está uma maravilha.

Lá dentro, muito poucas pessoas. Tinha-me cruzado com um grupo grande de alemães e fiquei com o local quase só para mim. Muita fotografia. Dali vê-se a moderna cidade à distância e o azul do mar mesmo ali à beira.

Termino a visita e chamo um Uber que me recolhe passados alguns minutos. Os transportes deste tipo não são nada caros no Bahrain. O próximo destino é o Museu Nacional do Bahrain.

Apresto-me para comprar o bilhete mas surge um problema. Não aceitam pagamentos em dinheiro e por uma questão de segurança deixei os cartões em casa, só tenho mesmo cash. Não há problema, logo sou convidado a entrar gratuitamente. Simpáticos.

Não apreciei especialmente o museu. Quase literalmente muita parra e pouca uva. Grande arquitectura e muita tecnologia, fraca colecção. Não me demorei muito no museu. Saí e sentei-me um pouco à sombra. Queria fotografar um pouco da arquitectura da bela Casa da Ópera mas o segurança informou-me que não era permitido. Tive pena.

Baterias carregadas, novo Uber, desta vez para centro de interpretação do Trilho das Pérolas, uma coisa que é Património Mundial da UNESCO, por alguma razão, e por assim dizer, talvez a mesma razão pela qual o Qatar foi “escolhido” para organizar o Mundial 2022.

É uma classificação que não tem qualquer sentido. É certo que a cultura da colheita de pérolas teve uma importância vital na economia e estilo de vida do Bahrain e de outras nações do Golfo, mas quase nada resta que testemunhe materialmente sobre esses tempos. É uma classificação quase imaginária de algo que foi mas já não é.

Seja como for fui ao centro de interpretação onde existe uma maquete da parte mais antiga da cidade onde se encontram representados os locais que tiveram importância no contexto da recolha de pérolas.

Mesmo ali ao lado encontra-se um forte antigo, em recuperação. E dali parti para um passeio a pé, ainda esperando encontrar alguns dos pontos representados na maquete. Mas não. Aqui e acolá percebi que o que via tinha sido a casa de um comerciante de pérolas, coisas assim, mas nada de interessante.

Bebi um belo karak, até gostei do passeio, se esquecer que se destinava a visitar locais históricos da indústria das pérolas. Almocei num restaurante local para trabalhadores por quase nada e depois de andar mais um bocado chamei ainda outro Uber. A tarde aproximava-se do fim e agora iria visitar a grande mesquita de Al Fateh.

Uma visita gloriosa. A cor da luz no final de tarde estava alaranjada, criando um efeito fantástico. Depois as luzes acenderam-se e melhor mais ainda. Entretanto vi que podia visitar a mesquita. O guia que me foi destinado era um senhor mais velho que poderia perfeitamente ser inglês. Alto e de pele claro, vestido de fato e gravata.

No último momento juntaram-se dois casais, um de mexicanos e outro, penso, canadianos. Foi uma visita agradável, aprendi uma série de coisas interessantes sobre o Islão e quando foi dada como terminada ainda fiquei a conversar num cantinho com os mexicanos.

No exterior a noite tinha caído quase por completo sobre a cidade e a mesquita estava mais ainda mais bonita. Tirei milhentas fotos, de todos os ângulos e detalhes. Foi uma boa forma de encerrar a minha visita ao Bahrain. Sim, foi só um dia completo.

O trânsito estava agora caótico e fico rapidamente evidente que Uber nem pensar. Lá encontrei uma paragem de autocarros, compreendo que o que ali passava me levaria ao centro e de lá poderia apanhar um outro para casa. Esperei uma eternidade, quase uma hora, mas lá veio. Um percurso interessante e relaxante.

Ao chegar perguntei ao condutor onde era a minha paragem. Indicou-a. Simples. Mas antes de dar por terminado o dia ainda quis caminhar um pouco no bulício do centro. Um ambiente fantástico. Há casas de chá, restaurantes, lojas de electrónica e de tudo o que se possa imaginar.

E por fim comecei a regressar. Já havia menos gente, o segundo autocarro ia quase vazio. Pedi ao tipo para me dizer quando fosse a minha paragem e rapidamente estava em casa.

Ninguém. Só os cães do meu anfitrião. Se na véspera tinha dormido numa espécie de sofá, o polaco tinha partido e com isso ganhei um quarto só para mim. Relaxei e adormeci. Um dia apenas mas um dia em grande no Bahrain.

 

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